terça-feira, 28 de setembro de 2010

HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL

A descoberta do continente americano por Cristóvão Colombo em 1492 fez surgir entre Portugal e Espanha a disputa pelas terras, o que culminou no Tratado de Tordesilhas em 1494, o qual visava dividir o território entre as duas nações. Com a vinda de Pedro Álvares Cabral, teve início a colonização portuguesa ao continente que posteriormente viria ser conhecido como Brasil.

Há notícias de que o primeiro português a pisar no que hoje é Mato Grosso do Sul, teria sido Aleixo Garcia, por volta de 1524. Ele partira de Santa Catarina, atravessou a Serra de Maracaju, desceu o rio Miranda e, pelo rio Paraguai, chegou à Assunção. Aleixo buscava as riquezas das minas do Peru, difundidas em estórias da época.

Pelo Pantanal (conhecido como mar do Xaraés) e por outras terras de Mato Grosso do Sul em geral passaram numerosas bandeiras em direção ao Norte, ao Peru e ao Paraguai. As regiões do Ivinhema, do Iguatemi e a serra de Maracaju eram bem conhecidas dos bandeirantes e muito utilizadas em suas rotas fluviais.

Com o objetivo de aprisionar índios, Pascoal Moreira Cabral chegou ao território dos Coxiponés (atual Cuiabá) em 1718, onde descobriu ouro abundante junto ao rio Coxipó Mirim. Em 8 de abril de 1719 nascia o arraial de Forquilha, que transformaria mais tarde na cidade de Cuiabá, iniciando se na região a corrida pelo ouro.

Neste mesmo ano, os irmãos Leme bem armados, com escravos e recursos, seguiram um caminho diferente para Forquilha atravessando um lugar conhecido como Camapuã. Os quatro homens fizeram uma parada e, em 1719, fundava se o primeiro núcleo de Mato Grosso do Sul, com a fixação dos primeiros homens brancos: a fazenda Camapuã.

Outros povoados começam a nascer no correr dos anos e também fortificações militares tais como o Forte Coimbra em 1775; o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque (atual Ladário) em 1778; o presídio de Miranda, em 1797, às margens do rio Mondego (que passaria a chamar se, daí em diante, de Miranda). A função era tanto de apoio aos viajantes que seguiam atrás do ouro fácil do Cuiabá quanto de demarcar e vigiar as fronteiras portuguesas contra os possíveis ataques espanhóis.

Tudo ia relativamente bem no Centro Oeste brasileiro, mas não por muito tempo. Com a morte de seu pai, em 16 de setembro de 1862, o general Francisco Solano Lopez herda o governo Paraguaio e dá larga ao sonho de conquistar territórios litigiosos argentinos e brasileiros. É assim que no final de 1864 e, mais ferrenhamente, no início de 1865 a capitania de Mato Grosso é invadida pelos soldados de Solano Lopez. A Guerra do Paraguai (1864 1869) destruiu cidades como as de Nioaque, Miranda e Corumbá, que apenas em 1870 puderam começar a ser reconstruídas.

A primeira tentativa de se criar um novo Estado ocorreu em 1892 por iniciativa de alguns revolucionários liderados pelo coronel João da Silva Barbosa. Em 1932, com a Revolução Constitucionalista, foi criado o Estado de Maracaju, abrangendo quase todo o sul de Mato Grosso, que teve Vespasiano Martins como seu primeiro governador. No mesmo ano, foi criada a Liga Sul Mato Grossense, propugnando pela autonomia do sul.


HINO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL



Letra por Jorge Antonio Siufi e Otávio Gonçalves Gomes


Os celeiros de farturas,
Sob um céu de puro azul,
Reforjaram em Mato Grosso do Sul
Uma gente audaz.

Tuas matas e teus campos,
O esplendor do Pantanal,
E teus rios são tão ricos
Que não há igual.

A pujança e a grandeza
de fertilidades mil,
São o orgulho e a certeza
Do futuro do Brasil.

Moldurados pelas serras,
Campos grandes: Vacaria,
Rememoram desbravadores,
Heróis, tanta galhardia!

Vespasiano, Camisão
E o tenente Antônio João,
Guaicurus, Ricardo Franco,
Glória e tradição!

A pujança e a grandeza
de fertilidades mil,
São o orgulho e a certeza
Do futuro do Brasil.

GEOGRAFIA


Localização e território

O estado de Mato Grosso do Sul está localizado no sul da região Centro-Oeste do Brasil e tem como limites os estados de Goiás a nordeste, Minas Gerais a leste, Mato Grosso ao norte, Paraná ao sul, São Paulo a sudeste, Paraguai a oeste e sul e a Bolívia a noroeste.

Possui uma superfície de 358.159 km², participando com 22,2% da superfície da região Centro-Oeste e 4,2% da área territorial brasileira (de 8.514.876,6 km²), sendo ligeiramente maior que a Alemanha. Possui ainda 78 municípios, 165 distritos, quatro mesorregiões geográficas e onze microrregiões geográficas, de acordo com o IBGE.

Relevo

O arcabouço geológico do Mato Grosso do Sul é formado por três unidades geotectônicas distintas: a plataforma amazônica, o cinturão metamórfico Paraguai-Araguaia e a bacia sedimentar do Paraná. Sobre essas unidades, visualizam-se dois conjuntos estruturais. O primeiro, mais antigo, com dobras e falhas, está localizado em terrenos pré-cambrianos, e o segundo, em terrenos fanerozoicos, na bacia sedimentar do Paraná.

Não ocorrem grandes altitudes nas duas principais formações montanhosas, as serras da Bodoquena e de Maracaju, que formam os divisores de águas das bacias do Paraguai e do Paraná. As altitudes médias do estado ficam entre 200 e 600 metros.

O planalto da bacia do Paraná ocupa toda a porção leste do estado. Constitui uma projeção do planalto Meridional, grande unidade de relevo que domina a região sul do país. Apresenta extensas superfícies planas, com 400 a mil metros de altitude. Já a baixada do rio Paraguai, domina a região oeste, com rupturas de declives ou relevos residuais, representados por escarpas e morrarias.

Estendendo-se por uma vasta área de noroeste do estado, a baixada do rio Paraguai é parte da grande depressão que separa, no centro do continente, o planalto Brasileiro, a leste, da Cordilheira dos Andes, a oeste. Sua maior porção é formada por uma planície aluvial sujeita a inundações periódicas, a planície do Pantanal, cujas altitudes oscilam entre 100 e 200m. Em meio à planície do Pantanal ocorrem alguns maciços isolados, como o de Urucum, com 1.160m de altitude, próximo à cidade de Corumbá.

Clima

Na maior parte do território do estado predomina o clima do tipo tropical, com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por médias termométricas que variam entre 25°C na baixada do Paraguai e 20°C no planalto. A pluviosidade é de aproximadamente 1.500mm anuais. No extremo meridional ocorre o clima subtropical, em virtude de uma latitude um pouco mais elevada e do relevo de planalto. A média térmica é pouco superior a 20°C, com queda de até 0°C nos meses mais frios do ano. A menor temperatura já registrada no estado ocorreu em Ponta Porã, com -6°C em 1975 e no dia 12 de julho de 2009 foi registrado -1 na cidade de Rio Brilhante.

As geadas são comuns no sul do estado registrando em média 3 ocorrências do fenômeno por ano. Observa-se o mesmo regime de chuvas de verão e inverno seco, e a pluviosidade anual é, também, de 1.500mm. No estado, percebe-se grande variação de temperaturas, sendo registradas pelo menos uma vez ao ano temperaturas máximas próximas de 40°C e mínimas próximas a 0°C.

Hidrografia

O território estadual é drenado a leste pelos sistemas dos rios Paraná, sendo seus principais afluentes os rios Sucuriú, Verde, Pardo e Ivinhema; a oeste é drenado pelo Paraguai, cujos principais afluentes são os rios Taquari, Aquidauana e Miranda. Pelo Rio Paraguai escoam as águas da planície do Pantanal e terrenos periféricos. Na baixada, produzem-se anualmente inundações de longa duração.

De novembro a março, o Pantanal vive o período das cheias, as depressões são inundadas, formando extensos lagos, reconhecidos como Baías. Alguns desses lagos são alcalinos, apresentando diferentes cores e suas águas, de acordo com as algas que ali se desenvolvem e criam matizes de verde, amarelo, azul, vermelho ou preto. Esses lagos também se interligam ou não por pequenos rios perenes ou periódicos. Nas enchentes ocorre uma interligação entre rios, braços, baías na vazante, a terra enriquecida pelo húmus, se transforma na mais rica fonte de alimentos para sua flora e fauna. Na estação da vazante (de abril a outubro), os rios começam a baixar seus leitos, formando "corixos" ou baías que retém grande quantidade de peixes, fenômeno conhecido pelo nome de "lufada". De julho a setembro a terra é mais seca e a temperatura é amena, chegando a esfriar à noite. No início das chuvas, de outubro a dezembro, o calor é intenso, os rios começam a inundar as terras baixas, os mosquitos proliferam e os mamíferos migram para as terras altas.

Vegetação

Os cerrados recobrem a maior parte do estado, mas também destaca-se a Floresta Estacional Semidecidual. Há ainda a presença de pampas e Mata Atlântica.

Na planície do Pantanal, no oeste do estado, durante o período de cheias do Rio Paraguai , a região vira a maior região alagadiça do planeta, lá se combinam vegetações de todo o Brasil, até mesmo da Caatinga e da Floresta Amazônica, e é um dos biomas com maior abundância de biodiversidade do Brasil, embora seja considerada pouco rica em número de espécies.









ETIMOLOGIA E HISTÓRIA


A origem do termo Mato Grosso é incerta, acredita-se que o seja originário da palavra guarani Kaagua'zú (Kaa bosque, mata e Guazú grande, volumoso), que significa literalmente Mato Grosso.
Linguisticamente, o nome Mato Grosso do Sul se faz acompanhar por artigo definido, como acontece com nomes geográficos derivados de termos genéricos: "o Mato Grosso do Sul", "o Rio de Janeiro", "o Espírito Santo". Entretanto, este uso é contestado e há quem prefira eliminar o artigo definido: "em Mato Grosso".

Historicamente vinculado ao Sudeste, Mato Grosso do Sul teve na pecuária, na extração vegetal e na agricultura as bases de um rápido desenvolvimento iniciado no século XIX, enquanto norte minerador vivia sua decadência.

O desenvolvimento desigual entre o norte e o sul do antigo estado de Mato Grosso inspirou movimentos separatistas desde o século passado.[9] Os primeiros deles ocorreram em 1834 e foram reprimidos pelos portugueses. Novas lutas e tentativas de se criar o estado de Mato Grosso do Sul foram registrados durante o surto da borracha, o que exigiu intervenção federal em 1917. Em 1932 foi criada a Liga Sul-Matogrossense com fim de coordenar a campanha separatista. Apostando no Movimento Constituicionalista de São Paulo, os sulistas aliaram-se aos paulistas, em troca de seu apoio às reivindicações separatistas. Entre julho e outubro de 1932, foi constituído o "Estado de Maracaju", porém derrotado juntamente com os contitucionalistas. Vindo ao encontro dos interesses dos habitantes de Mato Grosso do Sul, havia já um plano para a redivisão do território brasileiro desde a Constituinte de 1823. Justificava-o sobretudo, a preocupação com os enormes vazios demográficos no Pará, Mato Grosso e Goiás.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas decide desmembrar seis território estratégicos para serem administrados diretamente. É criado assim o Território Federal de Ponta Porã, desmembrado do sudoeste do antigo estado de Mato Grosso, território este remembrado ao Mato Grosso pela Constituição de 1946.

A defesa da redivisão foi retomada pelos tenentes que participaram da Revolução de 30 e mais tarde, em 1950, por oficiais da Escola Superior de Guerra, que se dedicaram a examinar detalhadamente o assunto.

Em 11 de outubro de 1977, o então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, assinou a lei que finalmente desmembrava do território do Mato Grosso um novo estado, Mato Grosso do Sul. Entre os argumentos justificadores do ato incluíam-se imposições administrativas - o território era grande demais para ser administrado por uma só máquina administrativa - e preceitos da Doutrina de Segurança Nacional, que considera pouco recomendável a existência de estados grandes e potencialmente ricos na região de fronteira.

O estado de Mato Grosso do Sul é oficialmente instalado em 1 de janeiro de 1979, sendo o primeiro governador Harry Amorim Costa, nomeado pelo presidente Ernesto Geisel.